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Mostrando postagens de 2013

CHICO E O COMUNISMO

Percival Puggina   Chico Buarque ocupou durante algum tempo funções privilegiadas na minha geração. Namoramos ao som de Chico. Amamos com Chico. Dançamos Chico. Mal, mas dançamos. Chico enternecia corações, a virtude trepidava, a gente era feliz. E sabia. Éramos sócios remidos no clube da eterna juventude e bebíamos cada lágrima nos olhos tristes de Carolina. Quantas vezes passei braço nos ombros de Pedro Pedreiro e caminhei com ele, penseiro das mesmas divagações! Há um enorme repertório, produzido por seu talento poético e musical que, a cada reprodução, me arrasta pelos pés se for preciso à minha juventude e à Porto Alegre dos anos 70. Foi nessa época, também, que se tornou conhecido o engajamento político de Chico e seu alinhamento com o partidão (PCB). Para ele e para muitos outros, foram tempos de interditos e censuras que tinham, cá entre nós, a marca do mau gosto. E de um inexplicável medo da música. Medo da música? Quem pode ter medo da música? Paro

"Ninguém precisa abandonar a tecnologia, mas é necessário experimentar momentos de desconexão"

  Nadiajda Ferreira David Baker é a simpatia em pessoa. Ex-editor da versão inglesa da revista Wired, hoje ele continua contribuindo para a revista, mas passa a maior parte de seu tempo dando consultoria e ajudando ou, como ele prefere, provocando as pessoas a viver melhor. David passou a semana no Brasil para ministrar um curso intensivo da School of Life sobre trabalho, relacionamento e simplicidade e o Gizmodo Brasil conversou com ele sobre a maneira como usamos a tecnologia e os impactos da internet na nossa vida. Sobre os problemas da vida conectada “Há dois problemas com a tecnologia: ela está crescendo muito rápido e é muito sedutora. E ela vai se desenvolver cada vez mais rápido, por conta da Lei de Moore . Nós estamos tentando disputar uma corrida com a tecnologia para utilizá-la, mas nunca vamos vencer. Então nós precisamos nos reposicionar em relação à tecnologia e perguntar como nós podemos fazer para que ela não seja nosso mestre, m

A grave doença espiritual das elites

Orlando Braga   O indivíduo das elites, em geral, “bloqueou”: não consegue ver um palmo à frente do nariz. O suicídio de Kate Barry (filha da atriz Jane Birkin) chocou-me, como me chocam todos os suicídios. Mas tratando-se de uma figura pública que não vivia propriamente na pobreza, o seu suicídio torna-se ainda mais incompreensível.   Podemos compreender (embora não aceitar), por exemplo, que um sem-abrigo que vive em um estado de pobreza extrema se suicide: neste caso, os problemas de sobrevivência e de auto-conservação são objetivos, concretos e muitas vezes quase incontornáveis; muita gente que se suicida comete esse acto por uma questão de quase impossibilidade de sobrevivência física e biológica, e não porque ande psicologicamente frustrada em relação à sua vidinha. Naturalmente que podemos sempre especular sobre as razões de Kate Barry (de 46 anos!) para acabar com a sua vida, e a especulação é, nestes casos, má-conselh

Sobre a diferença salarial entre homens e mulheres

NOTA O Congresso brasileiro aprovou uma lei (ainda a ser sancionada pela presidente) que proíbe empresas de pagar salários menores para as mulheres em relação aos homens.  As empresas que descumprirem esta lei serão multadas.  Segundo o IBGE , As mulheres receberam, em média, 72,3% do salário dos homens em 2011, segundo o estudo 'Mulher no mercado de trabalho: perguntas e respostas', divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em homenagem ao Dia Internacional da Mulher. O número repete a proporção encontrada nos levantamentos de 2009 e 2010. O estudo mostrou ainda que a jornada de trabalho das mulheres foi inferior à dos homens. Em 2011, as mulheres trabalharam, em média, 39,2 horas semanais, contra 43,4 horas dos homens, uma diferença de 4,2 horas. Entretanto, segundo o IBGE, 4,8% das mulheres ocupadas em 2011 gostariam de aumentar a carga horária semanal. Observe que não é preciso ser um gênio econômico para entender que, em m

A degradação do papel do mestre

Cesar Alberto Ranquetat Júnior*   A situação do sistema educacional brasileiro é no mínimo preocupante. Os dados estatísticos, as reportagens em jornais e na televisão, as inúmeras pesquisas e os testes internacionais nas mais diversas áreas do conhecimento demonstram explicitamente a decadência intelectual e cultural que devasta a sociedade brasileira. Diante deste quadro assombroso precisamos, antes de tudo, sondar as “raízes do mal” e tomarmos outros rumos, pois como frisava o crítico literário Otto Maria Carpeaux, o destino intelectual das nações depende fundamente da qualidade das universidades. Seguem algumas experiências pessoais, pistas, reflexões e proposições que podem contribuir para este debate. Lembro-me, quando cursava a faculdade de Direito, de minha atitude respeitosa e de sincera admiração pelos (poucos) professores dedicados ao seu ofício de educar. Impressionava-me com aqueles que desfilavam em suas aulas erudição e vasta cultura científica e humanís

11 formas de criar uma relação saudável com a Internet

Por: Michael Sacasas Posso dizer desde já que sempre que escrevo sobre Internet e aparelhos digitais, meu tom de discurso caminha para o lado mais preocupado, para dizer o mínimo. Mas, como minha esposa pode atestar rapidamente, nem sempre eu pratico o que prego. Para mudar isso, eu criei uma lista de disciplinas digitais que eu tentarei levar a sério. Claro, eu não acho que todos esses pontos são aplicáveis universalmente. Eles podem soar completamente inviáveis para seu estilo de vida, ou em alguns casos podem apenas parecer desnecessários. Tudo que eu quero com eles é simples: dadas minhas prioridades e minhas circunstâncias de vida, eu considero bem útil articular e implementar essas formas para deixar minha relação com a cultura da Internet bem mais saudável. Eis a lista. 1. Não acorde direto na Internet. Tome um café da manhã, pass

O Intelectual Católico

Pe. Stanley L. Jaki Tradução: Wagner de Souza e Cristiano de Aquino A expressão "Intelectual Católico" parece supinamente ociosa, indicativa de alguma contradição. Não é ocioso escrever "católico" como "Católico" quando "católico" deveras corresponde a um juízo acerca do elenco universal dos valores e das realidades? E pode tal juízo verdadeiramente convir, se não for também um trabalho do intelecto?   O aparente conflito entre "católico" e "Católico" vai especialmente incomodar os intelectuais que tomam as idéias e não os fatos como seu ponto de partida. A consideração dos fatos tem certamente a precedência, desde que se tencione chegar a qualquer coisa tangível sobre os dilemas, deveres e expectativas dos intelectuais Católicos. Para qualquer destes, o mais relevante de todos os fatos será precisamente o primitivo uso e acepção do vocábulo "católico", palavra de origem grega.   Por surpreendente