Rafael Nogueira
fonte:
Laicismo não é marxismo nem ateísmo — Medium
Um alerta contra a doutrinação que, sem ser religiosa, faz tudo aquilo que condena nas religiões
Se
as escolas não podem ser religiosas porque se compreende que isso
feriria a liberdade de crença consagrada na Constituição, pergunto-me em
que medida a doutrinação ideológica não fere a liberdade de
consciência, defendida também pela Constituição? Laicismo que troca
padre por ideólogo não é nem nunca foi laicismo.
Não
estou forçando a barra. Quando a laicização tornou-se tema importante
na França, no séc. XVIII, seu propósito era impedir que o clero
interferisse inadequadamente na educação, mas sempre mencionavam, ao
mesmo tempo, os nacionalismos exagerados e as doutrinas políticas
partidárias. Era uma tentativa de evitar o retorno ao Antigo Regime, e o
domínio dos revolucionários extremistas, como era o caso dos jacobinos.
Os filósofos mais atentos não queriam que nem um nem outro atuasse no
sentido de tolher o livre desenvolvimento da inteligência e da moral das
crianças, nem a liberdade das famílias de escolherem suas próprias
ideias políticas e crenças religiosas. Se o Estado é laico, e se não há
lugar para o tipo religioso de doutrinação em nome da liberdade, não há
lugar para NENHUM tipo de doutrinação. Quem duvida disso, leia “Cinco
Memórias sobre a Instrução Pública” de Condorcet. Se o tivessem ouvido a
tempo, o Terror teria sido evitado.
O
ódio de classe social contra classe social, a meu ver, é apenas uma
crença. Fomenta-se o ódio classista, como outrora fomentou-se o ódio
racista.
Não
estou dizendo que não existem classes sociais. Nem que não existam
conflitos de interesses entre elas. Mas considerá-la motor único da
história e motivação central da vida é coisa para os ideólogos
marxistas. A propagação desse ideário é feito por um “clero ateu” que
acredita e se compromete com a causa da luta de classes, mas ninguém
lhes deu o direito de fazer das crianças seus soldadinhos socialistas
inconscientes.
O
materialismo histórico não é a palavra final da ciência (e ainda que
fosse, poder-se-ia informar, não doutrinar ou obrigar), nem é evidente,
nem é a única posição a respeito do mesmo tema. Tampouco é aceito por
todas as famílias como explicação da realidade. Nem todos querem
matricular seus filhos numa escola para que se transformem em Ches Guevaras. Aliás, muitos pais nem sabem do que se trata, o que impede até sua capacidade de observação desse fato que estou a relatar.
Nas
escolas públicas, tal coisa deveria ser absolutamente proibida. E nas
particulares, esclarecida. Devem ser acrescidas às propagandas de
escolas particulares a informação de que os filhos que ali estudarem
acabarão se tornando pequenos Lênins, Stálins, Dirceus, Lulas e até
Maos. Esse “clero” não tem direitos a mais que nenhum outro clero. É
hora de por em xeque esse ultraje à Constituição e às liberdades
essenciais.
—
Advertência feita por um amigo que considerei correta:
“O
nome certo do problema não é doutrinação marxista. Como observava Eric
Voegelin, a maior parte dos que se dizem marxistas nunca estudaram Marx
direito e são no máximo pseudo-marxistas. Como diz Olavo de Carvalho,
não se trata de doutrinação no sentido de ensino sistemático de um corpo
de proposições teóricas marxistas demonstradas e encadeadas
logicamente; trata-se da transmissão de símbolos, chavões, slogans,
mitos, lendas, reações emocionais, vínculos afetivos, etc: trata-se mais
de uma iniciação em uma cultura revolucionária do que na formação
intelectual marxista.” — Alessandro Cota
fonte:
Laicismo não é marxismo nem ateísmo — Medium
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