O ser humano assim concebido pela mentalidade revolucionária se reduz ao resultado de um processo do qual ele não tem compreensão e nem consegue perceber, uma vez que ele é alienado desse processo, alienado no sentido hegeliano do termo. Uma alienação da qual estão libertos somente os que detêm a compreensão da história dada pelo materialismo histórico e dialético, e que justamente por isso se constituirão na vanguarda, de legitimidade inquestionável, que possibilitará ao ser humano se realizar, também no sentido hegeliano, em sentido pleno e se constituir em um novo homem, livre das amarras impostas pela sociedade de classes.
As doutrinas socialistas e comunistas são desumanas porque não veem no indivíduo lugar para a necessidade profundamente humana de compaixão e de transcendência, sendo esta última na sua forma religiosa reduzida a um ópio viciante, e muito menos concebem que o ser humano possa definir seu lugar no mundo e guiar suas ações e decisões a partir de critérios éticos e morais, e não por sua posição e interesses materiais na sociedade de classes. Desprovido de elementos de transcendência e de qualquer moralidade, e sendo resultado apenas de processos históricos dos quais ele não tem controle nem compreensão, o indivíduo segundo as doutrinas marxistas e suas derivadas não é nem mesmo um ser humano: é um devir que somente se realizará plenamente pela ação da vanguarda revolucionária.
É por esta razão que adeptos de ideologias socialistas e comunistas não encontram óbice moral algum em executar assassinatos em massa e promover genocídios e impor regimes de ditadura que acarretem a miséria e a fome de milhões. Afinal, essas ações são feitas em nome da construção de um novo homem, e isso deve ser entendido como a construção daquilo que a mentalidade esquerdista entende como verdadeiro ser humano, já que o que existia antes era apenas o fruto passivo de um processo histórico. Também por esse motivo não cabem juízos morais sobre tais ações levadas a cabo pelos revolucionários e que acarretem genocídios ou miséria e fome. Pois a própria noção de juízo moral para um esquerdista nesse caso é inexistente: importa é se tais ações são eficazes na construção da revolução.
Ninguém melhor do que o historiador marxista Eric Hobsbawm para expressar essa amoralidade desumana da ideologia de esquerda: quando perguntado anos atrás sobre as dezenas de milhões de russos que foram mortos pelo regime soviético, Hobsbawm afirmou que essas mortes foram plenamente justificáveis em nome do socialismo, e que ele apenas lamentava não as mortes em si, mas o fato de o regime socialista não ter dado certo. Portanto, nada mais razoável que se extermine a vida de outras dezenas de milhões se for necessário para tentar implantar o socialismo de novo, onde for preciso.
Embora não pareça evidente à primeira vista, existem muito mais semelhanças teóricas e conceituais entre o islã e a ideologia do socialismo ou do comunismo. Por exemplo, a paz ou salam do mundo islâmico é a contrapartida do mundo do dar al-harb, que nada mais é que a leitura muçulmana do mundo da luta de classes e dos conflitos sociais na acepção marxista. Ainda iremos explorar essas semelhanças entre doutrinas socialistas e islamismo em ensaios e artigos futuros. Mas é importante ter claro que o socialismo, assim como o islamismo, é uma doutrina de morte, e as dezenas de milhões de civis inocentes e desarmados que foram exterminados somente no século passado por seus próprios governantes socialistas em nome dessa doutrina são a evidência material do caráter desumano e genocida do pensamento de esquerda.
A Desumanidade da Ideologia Socialista | Crítica Nacional
Comentários
Postar um comentário