Mario Eugenio Saturno*
Todo mundo conhece Nicolau Copérnico e sua teoria que revolucionou o
mundo... literalmente, já que o mundo era tido como estático e Copérnico
o propunha fazendo revoluções... e em torno do Sol. Isso todo mundo
sabe. O que nem todos sabem é que Copérnico também era um padre, entre
outras coisas. Ele nasceu em 19 de fevereiro de 1473, na Polônia, e
morreu em 24 de maio de 1543, ano em que foi publicada sua grande obra
“De Revolutionibus Orbium Coelestium” (Da revolução de esferas celestes)
Cabe ressaltar que o livro foi publicado dois anos antes do Concílio de
Trento. E o que isso tem a ver? Cientistas e teólogos afirmavam que a
Terra era o centro do universo, imóvel, e que o sol, os planetas e as
estrelas giravam em torno da Terra.
Isso porque interpretavam
da Bíblia algumas passagens, como por exemplo: Deus fez o firmamento e
separou as águas que estavam debaixo do firmamento daquelas que estavam
por cima. E Deus chamou ao firmamento de Céus. E Deus fez os dois
grandes luzeiros: o maior para presidir ao dia, e o menor para presidir à
noite; e Deus colocou-os no firmamento(Gênesis 1,7-8, 16-17). Uma
geração passa, outra vem; mas a terra sempre subsiste. O sol se levanta,
o sol se põe; apressa-se a voltar a seu lugar; em seguida, se levanta
de novo (Eclesiastes 1,4-5). Assentaste a terra sobre suas bases,
inabalável para sempre eternamente, cobriste-a com o abismo, como um
manto (Salmo 104,5). Tremei diante dele, ó Terra inteira! Ele fixou o
universo, inabalável (I Crônicas 16,30).
Certamente, o Sistema
Geocêntrico parece fazer mais sentido, mesmo sem o reforço bíblico.
Para qualquer um que observe o céu, a Terra parece estática enquanto
tudo gira no firmamento. Porém, enquanto o Sol e a Lua parecem descrever
círculos simples, os planetas possuem movimentos erráticos, por isso
denominaram planeta, que em grego significa errante.
Ptolomeu,
que era um grande matemático, utilizou um truque para explicar o
movimento retrógrado dos planetas, eles circulariam um ponto e, este
sim, circularia a Terra. Criou o conceito de “epiciclo”. Se o leitor tem
dificuldade para entender, imagine para calcular.
O Sistema
Copérnico propunha o Sol no centro e os planetas circulando-o, inclusive
a Terra. A Terra não estava fixa, inabalável. Não era o centro do
universo. Era mais um planeta comum... O livro de Copérnico era
subversivo, herético, certo? Trento o condenou às fogueiras? Não? Não!
E por que não? Porque qualquer criança calcula um círculo, em tese, a
proposta melhorava a precisão com que os fenômenos celestes são
calculados. E os bispos de Trento ficaram felizes com a matemática do
livro e as possibilidades de um calendário mais correto.
É
possível também que o prefácio introduzido no livro pelo revisor Andreas
Osiander amenizou a controvérsia já que o livro não retrataria o
universo como era, mas um modelo matemático realista. Bem, cada um
enxerga o que quer.
O livro permaneceu intocado até que
Galileu, quase um século depois, tentou provar o Sistema heliocêntrico,
em 1632, com algumas “provas” que ele elaborou. Provas erradas, claro.
Com o tempo, Copérnico mostrou-se certo, provando ser um homem de
ciência e de fé também.
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(*) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano. - cienciacuriosa.blog.com
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