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Água para a vida




Mario Saturno*

A Organização das Nações Unidas (ONU) faz um
importante alerta às autoridades políticas do mundo, a escassez de água
já é uma realidade e afeta todos os continentes. E cerca de 1,2 bilhão
de pessoas, ou quase um quinto da população mundial, vivem em áreas de
escassez. Outros 1,6 bilhão de pessoas enfrentam escassez de água por
falta de infra-estrutura necessária para captar e levar a água de rios e
aquíferos.

A escassez de água é um dos principais problemas a
serem enfrentados por muitas comunidades do mundo no século XXI. O
consumo de água cresce mais que o dobro da taxa de crescimento da
população e embora não haja escassez global de água, está aumentando o
número de regiões com escassez crônica de água.

A escassez de água é um fenômeno tanto natural como gerado pelo homem. Há suficiente
água potável no planeta para sete bilhões de pessoas, mas ela é
distribuída de forma desigual, é desperdiçada, poluída e mal gerida.

Para lidar com o problema, a ONU estabeleceu diversos Objetivos de
Desenvolvimento do Milênio, como fornecer água para usos domésticos e
produtivos (agricultura, indústria e outras atividades econômicas), pois
isso tem impacto direto sobre a pobreza e a segurança alimentar.
Melhorar a gestão da água e de águas residuais visando reduzir os riscos
de doenças transmitidas por mosquitos, como a malária e a dengue.

No Brasil, algumas medidas estão sendo feitas. Se na época da ditadura
as Frentes de Trabalho (a bolsa-família da época) faziam muitos açudes,
atualmente o combate à falta d’água se dá com a instalação de sistemas
de captação de águas pluviais, pois mesmo no Nordeste brasileiro chove, e
na Transposição do Rio São Francisco.

O governo federal já
entregou cerca de 600 mil cisternas. Cada reservatório é construído com
placas de cimento e tem capacidade para 16 mil litros, suficiente para
abastecer uma família de cinco pessoas por até oito meses, amenizando os
efeitos da seca prolongada.

Quanto à transposição, o governo
federal conseguiu surpreender ainda mais, apesar das obras da
transposição estarem atrasadas em mais de três anos e já com o custo em
dobro, de R$ 4,6 bilhões para os R$ 8,2 bilhões, o governo resolveu
ampliar a transposição construindo dois novos canais, os eixos sul e
oeste. Enquanto o governo delira sonhos de grandeza, o povo nordestino
padece de sede.

Do outro lado do hemisfério, outro sonho parece
materializar-se, em San Luis, Arizona, uma companhia planeja erguer até
2018 uma torre de vento, que é um cilindro oco, muito alto, como uma
chaminé. No topo dessa torre, água é aspergida reduzindo a temperatura
do ar, que cai pelo tubo. Espera-se gerar ventos descendentes de 80
km/h. No solo, encontram-se turbinas que captam o vento e convertem em
energia elétrica.

Curiosamente, esse projeto não é novo, há
patente de 1975 nos Estados Unidos da América. A maioria dos sistemas de
captação de energia gera calor, nessa abaixa a temperatura.
Comprovando-se a viabilidade econômica do projeto, muitos locais que tem
o ar muito seco tornam-se interessantes. O mais interessante é que água
salgada pode ser utilizada e resultando ainda muita água pura.



Mario Eugenio Saturno (cienciacuriosa.blog.com) é Tecnologista Sênior do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano.







fonte: Mario Saturno

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