Pio XII
1. Antes de tudo, numa sociedade em plena evolução, como a presente, conservai a mais alta ideia da vossa missão providencial;
a) porque ela é e será sempre de necessidade imprescindível, (já que a formação e a educação primária das crianças é algo anterior a todas as demais futuras diversificações sociais;
b) porque ela constitui a base natural de tudo o que se deva elaborar depois, proporcionando-lhe, inclusive, um tom e um sentido cuja influência nunca se poderá desconhecer, antes dever-se-á levar em conta como algo definitivo;
c) porque, embora o campo da cultura se vá sempre ampliando coisa certa é que, em determinadas formas e em determinados graus, nunca estará ela ao alcance de todos absolutamente, enquanto que os primeiros passos do ensino abrangem, por necessidade, a sociedade inteira, podendo imprimir-lhe cunho cada vez mais definido.
2. Mas, para que a vossa missão alcance a sua plena eficácia, indispensável é que tenhais dela uma ideia clara, recordando sempre:
a) que a vossa missão como mestres não pode reduzir-se exclusivamente a serdes veículos para a aquisição de uma ciência, mais ou menos profunda, mais ou menos vasta, senão que deveis ser, antes de mais nada, educadores dos espíritos, e, na sua devida proporção, forjadores das almas dos vossos escolares;
b) que o vosso labor não pode conceber-se como um empenho meramente individual, e sim como uma função social, em plena coordenação, sobretudo, com as famílias e com as legítimas autoridades, permutando todos entre si elementos de juízo, meios educativos e o necessário prestígio, com um escopo comum, que é o bem social;
c) que a vossa vocação, pode-se dizer, vai além do puramente humano e terreno, fazendo-vos colaboradores do sacerdote e da própria Igreja de Cristo, nessa edificação das almas que tão singularmente podeis promover, da mesma forma que tão dolorosamente poderíeis impedir.
3. Finalmente, para poderdes levar a termo com satisfação tão altos deveres, será necessário de vossa parte:
a) uma assídua consagração ao vosso trabalho, sem fugirdes ao sacrifício, inclusive deixando de lado os proveitos e os progressos pessoais;
b) uma conduta exemplar, porque os vossos pequenos, que não tiram os olhos de cima de vós, aprenderão mais das vossas obras do que das vossas belas palavras; sobretudo da vossa limpeza de vida, do vosso desinteresse, da vossa paciência e da vossa sincera piedade;
c) um contínuo contato com o Senhor, especialmente por meio da oração e da frequência dos Sacramentos, porque, em coisa tão sublime e tão delicada como é a educação primária das crianças, a parte principal fica reservada à graça do alto.
[Fonte: Livro Pio XII e os problemas do mundo moderno, tradução e adaptação do Padre José Martins, 1959.]
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