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A farsa que é Leandro Karnal



Assisti ao programa Roda Viva em que o entrevistado da vez foi o famigerado professor da Unicamp, Leandro Karnal. O professor começa discutindo o problema da atual polarização do debate político, que faz com que as pessoas considerem inimigas as outras pessoas de pensamentos discordantes; Karnal diz que a “polarização não pensa, apenas adjetiva e rotula ao invés de discutir as ideias”. Toda polarização é burra, diz ele, e acrescenta que, mais que isso, ela vem acompanhada da vontade de eliminar o outro como oponente.

Não demora muito, porém, pra que o renomado professor comece a agir conforme este comportamento polarizado, apesar dele mesmo jurar que é superior a essa polarização e que não participa dela, com todo o seu ar de intelectual isento e imparcial. Mas é apenas pose. Ele não escapa dessa polarização entre esquerda x direita, na qual ele se encontra obviamente no polo à esquerda. Isso fica bastante nítido quando, questionado sobre a “nova direita” que começa a surgir, especialmente na internet, o ilustre Dr. Xavier da academia brasileira rapidamente liga a sua metralhadora de rotulagem odiosa. Ele rotula essa direita como sendo:

Conservadores fascistas; adeptos de intervenção militar e da diminuição de direitos sociais; extrema-direita; doença que estava controlada; figuras das sombras que a internet deu voz; nosferatus que rastejavam como ácaros e bolores; etc.

Karnal usa todos os rótulos sintomáticos de uma esquerda odiosa e altamente polarizada, que despreza a democracia (que ele diz defender) e a liberdade de pensamento. Ele simplesmente trata os que pensam fora da caixinha da esquerda política como inimigos a serem eliminados, exatamente o que ele acusava como sendo o comportamento dos outros. Esse desejo de eliminar o inimigo fica ainda mais nítido pelas vezes em que ele cita Bertolt Brecht durante o programa, teórico comunista adepto do fuzilamento de inimigos políticos. Karnal diz:

“Como disse Brecht: a cadela do fascismo está sempre no cio, sugerindo a intervenção militar, dizendo que a mulher apanhou porque merecia, e estuprada porque foi leviana.”

Veja como ele associa problemas criminais presentes em qualquer sociedade com “fascismo”, levianamente, usando o termo não de forma analítica, como se espera de um historiador, mas apenas como rótulo ou termo pejorativo para depreciar os que pediam a intervenção militar nas manifestações recentes. O truque é sujo: associar essas pessoas à um regime político nacional-socialista (vale lembrar) que foi extinto após a guerra não só pela derrota em si mas pela própria propaganda maciça soviética, que o rejeitou como o dejeto do horror, para se auto-limpar dos seus próprios horrores e salvar o movimento comunista internacional. Mais ainda, ele associa os manifestantes e o fascismo à violência contra as mulheres, sem demonstrar de forma minimamente científica qual a relação causal entre tais coisas. Karnal ignora propositalmente o fato óbvio de que nem todo regime militar é fascista, como não o foi o regime militar brasileiro, nem tampouco que pedir pela intervenção militar constitucional seja o mesmo que pedir um governo militar, além de fazer a associação infantil de que o fascismo é um regime político que se caracteriza pela agressão de mulheres. O fascismo é caracterizado por muitas coisas horríveis, mas, definitivamente, não é um regime político caracterizado por “agredir mulheres”.

Nos lembremos que outro professor, membro do Partido Comunista Brasileiro, Mauro Iasi, também citou recentemente Bertolt Brecht, enquanto esbravejava contra a “ofensiva conservadora”, causando espanto pela violência retórica da citação:

“Agora escuta: sabemos que és nosso inimigo. Por isso vamos encostar-te ao paredão. Mas tendo em conta os teus méritos e boas qualidades vamos encostar-te a um bom paredão e matar-te com uma boa bala de uma boa espingarda e enterrar-te com uma boa pá na boa terra.”

Esse é o teórico que Leandro Karnal adora citar, pra logo em seguida tratar do ódio das pessoas (sempre de direita, claro). Trata-se obviamente de um cínico psicopático.


*****


Ao longo do programa fui notando outras marcas nítidas do seu cinismo. Irei enumerá-las:

1 – Sugere sutilmente uma semelhança entre perseguição aos judeus no nazismo com a “perseguição” aos petistas pela Lava-Jato. Lastimável.

2 – Diversas vezes fala da maldade intrínseca dos nazistas, como se a maldade humana fosse exclusividade deles (ele nunca fala da maldade do comunismo, irmão mais velho do nazismo), fazendo uma ligação causal puramente verbal entre o nazismo e os “linchamentos” da população, cansada da criminalidade extrema; esta é uma farsa comum das esquerdas em geral, que pintam sempre a “volta do fascismo” como fenômeno iminente, que pode pegar a nós todos de calças curtas amanhã mesmo. É claro que esse é um discurso para amedrontar criancinhas, pra que elas não votem ou sequer pensem fora dos domínios da esquerda política; ele também faz associações indevidas do nazismo com crimes de racismo e homofobia mundo afora, como se todos esses crimes e maldades tivessem motivação política inspiradas nesta ideologia (o que quase nunca é verdade, diga-se de passagem).

3 – Não se posicionou com relação ao “golpe” contra Dilma Rousseff, pra não dar muito na cara a sua torcida pelo petismo; ficou vergonhosamente balançando em cima do muro, quando finalmente saiu pela tangente dizendo que o impeachment poderia ou não ser considerado um “golpe”, ficando a critério do gosto de cada um. Vergonha. Mais ainda, já sabendo que muito provavelmente Dilma não voltará, tentou igualar o curtíssimo governo Temer ao dela, jogando-o precocemente na mesma lama da petista, apoiando-se no relativismo assombroso de frases como “nada é bom ou ruim em si, tudo depende daquilo que eu interpreto”.

4 – Mente dizendo que fora privado de suas liberdades durante a ditadura militar. É bastante curioso pensar que uma criança (ele nasceu em 1963) fora privada de qualquer liberdade nesse período. Será que Leandro Karnal era um guerrilheiro, um terrorista ou um militante da luta armada infanto-juvenil? Pois esses foram, sem dúvida, os que tiveram suas “liberdades” (liberdade de explodir bombas, assassinar, fazer justiçamentos, torturar, assaltar, etc.) cassadas. Com exceção desses, no período do regime militar havia liberdades civis para o povo. Um grupelho de revolucionários comunistas e jornalistas colaboradores não representam a situação geral do povo, que passou incólume a essa “ditadura” (muitos nem sabem dizer, como a maioria dos nossos pais e avós, o que é que houve de tão “opressivo” nessa tal ditadura militar). Com a exceção do voto direto (apenas para presidente, pois haviam eleições para governadores e prefeitos), as pessoas exerciam seus plenos direitos, inclusive o direito de ir e vir, o que não se pode dizer de hoje, já que somos reféns da criminalidade brutal. Essa historinha do Leandro Karnal que ele era uma criança oprimida pela ditadura é obviamente tão falsa que serve como prova cabal de sua psicopatia e obsessão em denegrir o regime militar a qualquer custo.

5 – Reprova o projeto Escola Sem Partido, sem apresentar argumentos convincentes, mas ao contrário, polarizando (de novo) o tema com rotulagem odiosa: Escola Sem Partido é uma asneira, uma bobagem conservadora, coisa de gente inculta; é uma ideologia conservadora (ele usa “conservador”, assim como “fascismo”, como termo pejorativo, para fins de rotulagem, e não como termo analítico).

6 – Diz que é uma “crença fantasiosa de uma direita delirante e estúpida” a ideia de que a escola forme a cabeça das pessoas (argumentando aí que o projeto ESP seja desnecessário, ou pura “ilusão”). Isso é a coisa mais absurda que eu ouvi nos últimos tempos. Se a escola não forma a cabeça das pessoas, pra que é que estamos gastando rios de dinheiro nisso? E por que é que a esquerda luta tanto para dominá-la? É óbvio que isso é falso, e ele sabe que é. A escola e a universidade são talvez os maiores formadores de pensamento e opinião em qualquer sociedade civil, acompanhados pela mídia. Um chimpanzé devidamente treinado consegue entender isso. Mais uma prova do cinismo e da perfídia desse sujeito.

7 – Afirma que é impossível um professor não se posicionar politicamente diante dos variados assuntos, e completa: “se um professor for militante de um partido de esquerda ou de centro não tem problema”; repare que ele não cita a direita, para o espanto de todos. Ou seja, para Leandro Karnal, sequer existe a opção de um professor ser militante de um partido de direita. Ele deixa aí evidente a sua vontade eliminar o outro, comportamento que ele mesmo dizia condenar, imputando-o aos raivosos “polarizadores” do debate político.

8 – Coloca a culpa de praticamente todos os nossos problemas na ditadura militar, esse monstro ilusório que ele criou na cabeça depois de consumir pesadamente as drogas pesadas revisionistas que a esquerda costuma chamar de livros de história, mas que não passam de gibis que narram o período do regime militar em que heróis (os revolucionários que queriam implantar a ditadura cubano-brasileira) salvariam a democracia brasileira das garras dos terríveis torturadores sanguinários da direita, que torturavam pessoas pacíficas e boníssimas, cujo maior mal foi ler o Manifesto Comunista. Karnal diz que, além de matar seres humanos (ele ignora os que foram mortos pela esquerda), a ditadura militar causou um dano na educação brasileira. Qualquer um sabe, porém, que a educação brasileira era infinitamente melhor durante aquele período, e que hoje o analfabetismo funcional reina mesmo dentro das universidades (atingindo marcas de quase 50%), além de batermos recordes negativos sucessivos em testes internacionais. A educação do Brasil acabou, e a responsabilidade está em grande parte nas pedagogias ideológicas sub reptícias e criptocomunistas inseridas nos planos nacionais de educação. A esquerda destruiu a educação, ao mesmo tempo em que promoveu sua ampliação para que a imbecilização pretendida por eles abrangesse todo o contingente das novas gerações, criando legiões de zumbis semi-analfabetos, porém “politizados” e com “visão crítica”.

9 – Afirma, com absoluta certeza, que Deus não existe. O ateísmo convicto é, talvez, um dos mais fáceis diagnósticos de limitação de inteligência. Apesar de reconhecer a inteligência retórica do professor da Unicamp e o domínio que ele tem sobre suas teses, a inteligência metafísica é um ingrediente fundamental para o desenvolvimento pleno da inteligência humana. É o que talvez separa os homens dos meninos. Leandro Karnal é um menino apavorado diante da grandeza do universo de Deus, e, diante desse pavor, prefere se esconder debaixo do cobertor desse ateísmo extremo, que é a negação radical de Deus.

10- Em certo momento ele diz que, o fato de sermos sozinhos, apenas átomos num universo sem dono (andou consumindo ciência de terceira mão), nos dá toda a liberdade humana, o que acaba por lembrar a frase de Dostoiévski: “Se Deus não existe tudo é permitido”. De fato, Dostoiévski tinha toda razão. Para Karnal, tudo é permitido, inclusive ser um comunista disfarçadinho pela linguagem polidinha, acadêmica, que esconde sua raivinha da direita com seu tom e postura soberba, de superioridade olímpica, de onde observa todas as rixas e brigas dos “polarizadores” com total campo de visão, soberano e intocável.


Leandro Karnal é, sem dúvida, um sujeito com qualidades intelectuais acima da média, não que isso seja lá grande coisa num país onde essa média é muito baixa. Mas também é um mentiroso compulsivo, de um cinismo que beira a psicopatia. Leandro Karnal é mais um entre tantos outros. Nada de novo sob o sol.




fonte:
A farsa que é Leandro Karnal | Política Sem Filtro

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